segunda-feira, 7 de março de 2011

AIDS tem cor ou raça?

 No dia 1o de dezembro de 2004, Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, O Globo e outros jornais noticiaram
o lançamento do Boletim Epidemiológico– AIDS de 2004, divulgado pelo Ministério da Saúde. Apesar de quase todas as manchetes terem enfatizado o crescimento da epidemia entre mulheres e “negros”, o então Diretor do Programa Nacional de DST/AIDS (PN-DST/AIDS), Pedro Chequer, afirmou: “a AIDS não é uma doença [sic] associada à raça negra, tanto que a maioria dos casos registrados é de gente branca,
[...] a população negra de mais baixa escolaridade é mais desinformada e, portanto, mais exposta à doença [sic]” 1 (p. 14). A então presidente da organização não-governamental (ONG) Arco-Íris, Ana Paula Prado, ofereceu interpretação similar: “a doença [sic] começou a ter a cara do Brasil. Ataca pessoas pobres, de baixa instrução e nos lugares mais distantes dos grandes centros” . A despeito dessas análises, que tendiam a não racializar a epidemia, simultaneamente ao lançamento do Boletim foi divulgado o Programa Integrado de Ações Afirmativas para Negros – Brasil AfroAtitude 3, uma parceria entre o PNDST/AIDS, a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República, a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e a Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação. O programa previa bolsas de estudo voltadas para“contribuir para a formação de estudantes negros como promotores de saúde e de qualidade de vida, e para a produção de conhecimentos no campo da prevenção, aconselhamento e assistência às DST/AIDS”

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,23(3):497-523.

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